quarta-feira, 14 de março de 2012

Sofismas 1



Miguel Levy 

Acredito que um dos mais fortes apelos do apóstolo Paulo à igreja é oque encontramos na sua carta aos romanos, no capítulo doze, onde a palavra utilizada para iniciar o capítulo é ROGO, rogar, que significa pedir com insistência e humildade, suplicar, implorar. É mais do que um pedido. É como se fosse um conselho do tipo: faça caso contrário você pode se der mau. E tudo isso para que a igreja não se conforme com o mundo e busque sempre a renovação da mente.
Eu confesso que esse é um dos trechos da Bíblia que mais rebate em minha mente, como uma bolha de ar que insite em subir a tona em uma panela fervendo mesmo que esteja com muita coisa sendo dentro. E quando paro para pensar um pouco na razão dessa insistência, comoço a me convencer que faz todo o sentido para o cristão que quer experimentar a plenitude o plano de Deus para sua vida.
A cultura do mundo em que vivemos é muito forte e nos deixa cada vez mais crente nela e inconcientemente passamos a viver e difundir essa cultura que é totalmente contrária ao que a Bíblia nos ensina. Com a mente recheada de paradigmas, verdades que nem temos idéia porque acreditamos e sofismas, aquelas quase verdades que nos iludem e criam barreiras ao pleno conhecimento de Deus, acabamos muits vezes nos sentido saciados e equivocadamente acabamos entrando em uma zona de conforto crendo que estamos seguindo os planos de Deus.
Uma das maiores dificuldades que percebo, principalmente para os jovens, é a de entender o o que é a igreja, qual o conceito de culto a Deus, quando estamos na presença de Deus, e isso, no meu modo de pensar é um dos pontos mais importantes no sentido de fazer com que possamos realizar coisas que agradam ou desagradam a Deus.
Cientificamente já é comprovado que os procedimentos que aprendemos de verdade entram em uma espéciede "piloto automático" em nossa vida. Fazemos quase que intuitivamente, na base do refléxo. Isso se aplica a tudo o que aprendemos. O perigo esta quando aprendemos o que não é correto e a repetição nos deixa insensíveis ao porcesso e dessa forma não avaliamos mais o que fazemos, simplesmente fazemos.
Vou focar em um assunto que julgo de extrema importância para nós. Igreja, culto e presença de Deus.
Me criei ouvindo meus pais me chamando para ir à igreja. Vai começar o culto. Vamos entrar na presença de Deus. Já congreguei em igrejas tradicionais e centenárias, em neo-pentecontais recém criadas em moderadas, e sempre me deparo com a mesma colocação.
Uma cultura passada de pai para filho que tem estabelecido uma fortaleza que considero um dos grandes sofismas da igreja atual: Existe um tempo quando estamos na igreja. Existe um tempo quando participamos do culto e o pior de todos, existe um tempo quando estamos na presença de Deus.
Sei que pode parecer preciosismo da minha parte, que é apenas uma maneira de falar, mas também sabemos que uma forma de fixar idéias em nosso subconsciente é a repetição, principalmente do que falamos, e o fato é que já aprendemos esses conceitos e estão tão fortes em nossas vidas que se tornaram fortalezas como vemos em 2 Coríntios 10:4.
Convivendo e conversando com muitos jovens, que já estão educados por esses sofismas, posso entender o quão grave são os resultados causados por essas quase verdades. Não entendemos o motivo porque muitas pessoas tem um comportamento enquanto estão participando dos cultos, dentro do ambiente da congregação, junto com os irmãos e quando estão em outro lugar apresentam um comportamento diferente que nem sempre condiz com a conduta de um cristão. O fato é totalmente cultural. Aprendemos que quando estramos na igreja iniciaremos um culto a Deus e nessa cerimônia, alguém ora e diz que nesse momento estamos entrando na presença de Deus. Após duas horas de culto na presença de Deus recebemos a informação de que o culto irá ser encerrado e depois de uma oração, saimos da igreja.
É como se ao sair da igreja, ficassemos totalmente desobrigados de manter o mesmo comportamento que mantinhamos durante o culto, quando estavamos na presença de Deus. O Espírito Santo, contrariando todos os benefícios da redenção, fica no prédioo esperando o próximo culto para atuar em nossas vidas. Parece irônico, mas é a realidade que vivemos e ensinamos aos novos convertidos.
Os jovens se aventuram em caminhos de desobediência a Palavra de Deus porque não tem a conciência de que o Espírito Santo de Deus habita em suas vidas, não apenas passa um final de semana. Não tem a idéia de que quando saem da congregação no domingo, o espírito Santo de Deus os acompanha e lá na escola na segunda feira, ele nos acompanha em todas as nossas aventuras. Quando colamos na prova, participamos de rodas de escarnecedores, xingamos pessoas no trânsito, fofocamos das pessoas e disperdiçamos nossa vida sem dar testemunho do Deus que habita em nós.
"Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus que é o vosso culto racional" (Rm12). O nosso culto começou quando entregamos o nosso corpo a Deus em oferta voluntária, e uma vez feito isso em sua presença, não mais saimos dessa posição. É essa a realidade que só nos foi possível em função do sacrifício redentivo de Jesus na cruz do calvário.
A idéia primitiva de um culto ritualista onde chamamos a presença de uma entidade para adorarmos por um breve espaço de tempo já foi definitivamente ultrapassada e erradicada da história do homem nascido de novo chamado para ser habitação do Deus vivo (Efésios 2:22/1Pedro2:5). A presença de Deus é uma realidade na vida do cristão renascido, que não tem mais prazer em viver longe da sua presença.
Marcamos um tempo em nossa agenda para nos reunirmos juntos com todos os nossos irmãos em Cristo para ter um tempo de comunhão em um local onde a igreja de Jesus se reune para nesse tempo, juntos, cultuarmos ao mesmo Deus que habita em nós, louvarmos juntos, compartilharmos a Palavra, nos fortalecemos,  testemunhamos, e depois de um tempo voltamos para nossas casas dando continuidade ao culto que um dia começamos ao entrar na presença de Deus.
Por isso a renovação da mente através da Palavra de Deus deve ser um exercício diário na vida do cristão. Só dessa forma poderemos experimentar a boa, a gradável e perfeita vontade de Deus para nossa vida. Conceitos arcáicos devem ser descartados e imediatamente substituídos pela novidade do evangelho da cruz que é poder de Deus para todo o que crer. 
Renovação de mente envolve uma nova cultura que certamente irá encontrar resistência em nossa mente, mas precisamos entender que é só através dessa mudança que passaremos a desfrutar o que é viver em um culto racional em todos os momentos de nossa vida, experimentando concientemente os benefícios do privilégio de ser morada do Deus vivo e dessa forma compartilhar de sua intimidade gerada pela convivência diária em sua presença.

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