domingo, 10 de março de 2013

Leia o Manual


Miguel Levy

Ainda é comum encontrarmos em nossas gavetas e prateleiras aqueles manuais dos eletrônicos que compramos, como telefones, aparelhos de TV, blu-ray e tantas outras coisas que depois de algum esforço conseguimos adquirir. Compramos, levamos para casa, abrimos a embalagem e já estamos procurando o botão de ligar. Tudo o que queremos é começar a usar o produto. Afinal de contas foi para isso que compramos não é verdade?

O fato é que pouca gente lê os manuais antes de começar a utilizar os produtos. Por algum  motivo acreditamos que já sabemos tudo o que precisamos para operar da melhor maneira qualquer equipamento que compramos. O que não é verdade. Passamos todo o tempo sub-utilizando computadores, aparelhos celular, máquinas fotográficas e o mais incrível é que tão logo nos deparamos com uma versão mais recente desses equipamentos já estamos prontos para abandonar aquele que sub-utilizamos para começar a mesma história. É interessante quando pensamos que independente das atualizações que fazemos, continuamos a usar os mesmos recursos em equipamentos cada vez mais sofisticados.

A falta da leitura dos manuais dos produtos que usamos nos leva a operá-los de maneira imprópria, não usufruindo dos benefícios para os quais os seus idealizadores o projetaram e muitas vezes diminuímos bastante sua vida útil em função de sua má utilização. Aí, começamos a reclamar do produto e muitas vezes condenamos produtos excelentes em função de nossa incapacidade de operá-los da maneira correta.

Mas tudo isso é uma analogia para o que desejo meditar agora. Muitas vezes nos vemos na mesma situação. Reclamando de situações onde nos encontramos e não sabemos como resolvê-las e como é de nossa natureza, passamos a responsabilidade do problema no produto para o fabricante. Neste caso, Deus.

Pelo que sabemos de Deus através de sua Palavra, os seus propósitos e planos são perfeitos e destinados ao sucesso, inclusive no que diz respeito a nós. O propósito original de Deus para o homem continua perfeito e revelado sem qualquer tipo de mistério, basta apenas que nós, nos dediquemos a estudar o manual e segui-lo a risca.

Por algum motivo aprendemos em nossa história de vida que Deus seria  responsável pelo trabalho de construção da nossa vida e baseados nesta crença relaxamos nos cuidados em buscar conhecer o coração de Deus e dessa forma entendermos seus planos para nossa vida, quando na verdade Deus providenciou tudo o que precisamos para que construíssemos nossa vida com segurança e dentro do seu propósito.

Encontramos na primeira epístola de Pedro, no capítulo primeiro que já recebemos de Deus tudo o que precisamos para essa vida. E ainda em Lucas seis, Jesus conta uma parábola para nos mostrar que nós somos os construtores de nossas vidas, mas devemos fazê-lo seguindo os seus ensinamentos. Orientados por ele, podemos edificar uma história de vida segura de todas as dificuldades que ele falou que viriam contra nós e que certamente virão.

Ter acesso aos ensinamentos de Deus, ouvi-los, estuda-los e não praticá-los é a maior tolice que um homem pode cometer. Esperar que Deus realize um trabalho que é nosso é um grande erro, pois estaremos fadados a não conseguir o que esperamos, uma vez que Deus tendo estabelecido seus princípios certamente não os mudará, independente do nosso esforço em tenta-lo.

O homem classificado como tolo, não é exatamente o  inoperante, o que não realiza, não empreende, mas sim o que o faz sem seguir os conselhos de Deus. Esperando proteção divina contra as dificuldades da vida acreditando que por ser filho de Deus elas não virão, não edifica uma vida segura o bastante para resistir os vendavais quando eles fatalmente chegarem.

A grande ilusão do homem em acreditar que nunca estará sujeito a todas as mazelas do mundo acaba fomentada pela sua própria teimosia em continuar não seguindo os conselhos de Deus. Em Provérbios vemos o sábio Salomão afirmar que quem insiste no erro depois de muita repreensão será destruído sem aviso e irremediavelmente (Pv 29:1). Então nós podemos explicar porque que do nada nos deparamos com furações, terremotos, tisunamis que sem aviso varrem a terra construções edificadas fora da rocha, sem alicerces e sem qualquer segurança. Nunca estaremos protegidos de tudo isto, mas Deus, através de sua Palavra nos ensina a como vivermos seguros em meio a tudo isto.

Podemos escolher qual será a fonte dos nossos conselhos. Ou ouvimos Deus ou qualquer outra voz. A questão é se estamos direcionando o rumo da nossa vida para um caminho de obediência ou de desobediência aos princípios de Deus, ao seu propósito para nossa vida.

Na carta do apóstolo Paulo aos Efésios, no capítulo cinco, verso seis, vemos a ira de Deus vem certamente sobre os que vivem na desobediência, seguindo o conselhos dos tolos, os mesmos que insistem em edificar suas vidas fora da rocha, dos ensinamentos de Deus (Lc 6:46).

O conselho dos homens sempre são fundamentados no que eles tem como padrão ou referência de ideal e sempre estão limitados ao que podem ver, sentir e experimentar. Por isso sempre são falhos, frágeis e vulneráveis. O nosso padrão de vida ideal nem sempre esta focado na eternidade e sim nos poucos momentos que teremos de existência neste mundo. Mesmo após constatarmos que nossa vida está edificada fora de um alicerce seguro, somos pouco motivados a resolver definitivamente este problema pois quase sempre não estamos dispostos a comprometer o que já construímos. Diante de tal situação, levar este problema para Deus resolver é esperar que ele faça a única coisa certa que certamente ele fará. Preservar nossa vida e destruir tudo o que construímos fora dos seus ensinamentos.

Deus sempre está interessado em nos levar por um caminho de segurança para que possamos cumprir seu propósito. Por isso deixou sai Palavra, enviou seu filho para anunciá-la e derramou o seu Espírito para dar testemunho.

Questionar Deus, ou perguntar onde ele está enquanto tantas catástrofes acontecem no mundo é a postura de quem não o conhece nem busca entender seus propósitos para a vida. Deus está onde sempre esteve cumprindo sua Palavra e seguindo o seu propósito enquanto nós, deveríamos nos empenhar em ler o manual, descobrir qual a melhor forma de nosso funcionamento para que dessa forma possamos viver a plenitude do que Deus planejou para nossa vida com alegria e segurança.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A Maquinação dos Jovens




Miguel Levy
Mais um período de carnaval se passou e tive o prazer de poder falar com alguns jovens em retiros diferentes.  Sempre considero um privilégio ainda ser chamado para falar com jovens que de alguma forma consideram importante o que podemos trazer a eles no sentido de esclarecer algumas dúvidas.

O difícil e até certo ponto doloroso e constatar que se tratando de jovens cristãos, atuantes em nossas igrejas, não percebemos um avanço no estado de consciência cristã de nossos jovens. Me refiro a jovens para não deixar mais comprometida a nossa situação como líderes e pastores.

Já perdi a conta de quantos encontros de jovens planejados para com temas inspiradores onde há na programação uma sala de debates, um bate-bola, uma berlinda, uma mesa redonda para dar a oportunidade dos participantes perguntarem um grupo de lideres ou pastores de confiança as mais variadas perguntas que afligem a mente sedenta da juventude em questão. Ao ser convidado para fazer parte do grupo que será sabatinado tenho vivido duas sensações. A primeira é a costumeira tensão sobre a possibilidade de ficar acuado diante de uma bomba que pode surgir em meio as perguntas. A segunda é o alívio no final ao perceber que nos saímos sem nem precisar abrir a caixa de ferramentas. Ultimamente, surgiu a terceira sensação. O desconforto em perceber que nós, líderes e pastores não estamos fazendo o dever de casa com nossos jovens no sentido de leva-los a viver a liberdade proposta pelo evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

Podemos preparar o começo da maioria das perguntas em casa e levar impresso sem medo de perder o papel. É PECADO...? ...pircing e tatuagem, ouvir música secular, ficar, ir para balada, tomar umas, namorar com “descrente”. Pode isso? Pode aquilo? Ou o que é pior: Já pode isto...?

O que me incomoda não é o fato de responder as mesmas perguntas mil vezes, nossa função é esta. O que é preocupante é que a maioria esmagadora das perguntas dos jovens sempre é de caráter comportamental, mostrando claramente que a preocupação dos nossos jovens consiste em buscar um padrão de comportamento que garanta a sua aceitação diante da igreja e de Deus. Vemos com isso que ainda estamos longe do que representa o evangelho para o homem. Novidade de vida, nova criação, natureza recriada, salvação.

Ainda estamos ensinando que é através de um personagem que agradamos a Deus, levando as pessoas a buscarem uma lista que possa licencia-los a viver seguindo regras sem qualquer compromisso com a razão cristã, consciência do Deus que é em nós ou entendimento da graça salvadora. Pela falta de tempo a ser dedicado no evangelismo, sim entenda evangelismo como o chamado para moldar o homem ao evangelho, discipulado com comunhão e acompanhamento próximo dos nossos filhos na fé, continuamos exigindo fidelidade cega e irracional a listas de pode e não pode, manuais de conduta comportamental que são atualizados periodicamente, inserindo e retirando coisas conforme a necessidade do momento. Daí a constante dúvida do jovem sobre as atualizações desta lista. Já liberaram a televisão mas incluíram a internet? Não pode ir ao cinema, mas assistir o mesmo filme em casa, pode?

Estamos criando jovens muito eficazes em representar seu papel dentro das comunidades evangélicas que vivemos mas pouco eficientes em cumprir a missão da igreja no mundo.

Talvez por comodismo, estamos promovendo uma mecanização do evangelho reduzindo o sentido da vida cristã a um mero cumprimento de regras, que não levam as pessoas a buscar sua missão como cristãos no mundo, procurando afetar as pessoas com a vida abundante recebida de Jesus.

Estamos levando as pessoas a se ocuparem com elas mesmas na constante checagem de suas listas comportamentais. Nossos jovens tem se isolado da sua responsabilidade em comunicar Cristo, o evangelho, as boas novas aos seus próximos. Me surpreendo ao ver tanta coisa acontecendo ao nosso redor, tantos temas onde a igreja poderia intervir de forma a chamar a atenção do mundo para Deus.

Creio que estamos como um operário que trabalha em uma imensa fábrica, limitando-se apenas a realizar sua focalizada tarefa, mas muitas vezes sem nem ter ideia do que está sendo construído como produto final. Um barco, um carro ou um avião? O que importa? Se somos eficazes em nossa rotina é o que basta.

Não podemos fugir da responsabilidade que está sobre nós, em formar uma igreja de pessoas reais transformadas por Deus para afetar a terra. Conscientes da natureza que temos, convictos da salvação em Cristo e focados na nossa missão como igreja. Apresentar um projeto de redenção para o mundo de hoje a fim de poder sua garantia em Deus na eternidade. Nossa missão é expressar em nosso tempo uma realidade que se consumará na eternidade. Não podemos fazer isto sem uma visão ampla do plano de Deus para o homem. Não podemos fazer isto focados em padrões comportamentais que não refletem transformação de natureza.

Ainda espero chegar em debates de jovens onde as perguntas não serão mais sobre o que posso ou não posso fazer para ser identificado no cenário gospel evangélico, mas como podemos afetar o mundo como jovens cristãos.

Que Deus me dê muitos anos de vida.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A Tramoia Contra João Batista




Miguel Levy
Depois de quatrocentos anos de silêncio, Deus novamente começa a falar. Desta vez, através de um homem um pouco estranho para os nossos padrões. João Batista, o filho de Zacarias, que sendo sacerdote tornava seu filho João Batista um sacerdote também. Mas João Batista não era apenas filho de Zacarias, era filho de Izabel uma das descendentes de Arão, o que tornava João Batista o último sacerdote descendente direto da linhagem de Arão, portanto deveria ser o próximo sumo sacerdote. Ele reunia os dois fatores indispensáveis para isso. Além de ser da tribo de Levi, filho de sacerdote, era descendente direto de Arão. A pergunta é: Por que João Batista não estava servindo como sumo sacerdote no templo e sim esbravejando no deserto?

Os romanos descobriram que os judeus não ouviam reis, governadores ou qualquer outra autoridade que não fosse o sumo sacerdote,  por isso decidiram influenciar o sumo sacerdócio para desta forma poder ter influência sobre os judeus. Para isto, encontraram um homem chamado Anás, da linha dos sacerdotes, mas não da linhagem de Arão, um populista que tinha a admiração do povo e o principal, para os romanos, estava aberto a negociações. Segundo Flávio Josefo (A História dos Judeus), os romanos fizeram uma proposta a Anás, e o colocaram como sumo sacerdote e assim Anás tornou-se o primeiro sumo sacerdote de Israel a serviço dos romanos. Este fato foi denunciado no evangelho de Lucas no capítulo 3, quando Lucas faz cita que no décimo-quinto ano do reinado de Tibério César, haviam dois sumos sacerdotes, Anás e Caifás. Em uma leitura rápida do evangelho é fácil passar desapercebido o fato de que  não podia haver sumos sacerdotes, pois apenas um sumo sacerdote era permitido. Anás assumiu o cargo através de uma manobra política para prestar serviço a Roma no templo. Anás passou quinze anos negociando o sumo sacerdócio entre seus cinco filhos e finalmente fazendo o seu genro Caifás sumo sacerdote até ser destronado pelo General Valeriano.

A prova da ilegalidade do sacerdócio de Anás e Caifás foi definitivamente constatada quando mesmo havendo dois sumos sacerdotes, foi através de João Batista que Deus falou quebrando um silêncio de quatrocentos anos, reconhecendo assim a autenticidade do chamado de João Batista (Lc 3:1-3).

Foi por causa desta tramoia que João Batista não foi reconhecido como sumo sacerdote no templo, em vez disso foi para o deserto ser a voz do que clama chamando o povo ao arrependimento, confirmando a profecia de Isaías que referindo-se a João Batista disse que ele seria a voz do que clama no deserto, a voz do Deus que agora não falava no templo, mas no deserto. Deus foi para o deserto e a sua voz era João Batista.

O mais importante é que João Batista não estava marginalizado ou fugindo no deserto por não ter conseguido espaço no templo. Deus foi para o deserto e levou o seu sumo sacerdote com ele. João Batista foi levado pelo próprio Deus para o deserto e foi tratado como um legítimo sumo sacerdote. Como a vestimenta especial do sumo sacerdote estava com os romanos então Deus o vestiu com peles de camelos. A comida sagrada do um sumo sacerdote estava com os romanos então Deus o alimentou com mel silvestre e gafanhotos. João Batista era a figura da indignação de Deus com o homem e mais uma prova de que sua vontade é soberana. Longe do templo, sem as vestimentas sacerdotais, sem cara de sumo sacerdote, o próprio Jesus reconheceu João Batista como o maior de todos os sumos sacerdotes da antiga dispensação, o último da ordem de Arão, pois a partir deste ponto na história, Entraria em cena a ordem de Melquesedeque, da qual haveria apenas um único e definitivo sumo sacerdote, Cristo.

Lembrar este fato é mais uma forma de alertarmos para quem é o nosso Deus, que não está limitado ou condicionado as formas e governos do mundo. Lembrar que o nosso chamado, quando verdadeiramente existe para servir a Deus, nunca será frustrado, mesmo que para os padrões do mundo pareça estranho. O Deus que nos chamou é o único responsável [ara cumprir seus propósitos em nossa vida, assim como fez com João Batista. A única coisas que precisamos é ter fé neste Deus e esquecer os padrões do mundo em relação ao nosso chamado.

Se João Batista não tivesse experimentado a metanóia que tanto anunciava, ele teria sido o mais frustrado dos sacerdotes, uma vez que exerceu seu ministério muito longe dos padrões esperados pelo mundo para um sumo sacerdote. Ele tinha tanta convicção do seu chamado que não hesitou quando precisou confrontar até mesmo reis e poderosos com seus pecados. Seu compromisso não era consigo mesmo, nem com sua reputação no mundo. Seu compromisso era não calar a voz do que clamava anunciando a vinda do messias.
O importante desta meditação é nos fazer lembrar que não importa quantas tramas e conspirações sejam preparadas contra nós, quantos tapetes sejam puxados debaixo dos nossos pés para nos fazer cair, o que precisamos é buscar sempre a renovação da nossa mente para nos desligarmos dos padrões do mundo e esperarmos sempre em Deus, que do seu jeito nos fará viver a sua vontade e assim seremos plenamente realizados. Dentro deste propósito, dos planos de Deus verdadeiramente poderemos dizer que todas as coisas cooperam para o nosso bem. Até mesmo as tramoias.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Por que o Natal?



Miguel Levy
Ano após ano vemos o natal de forma cada vez mais diferente. Longe, bem longe de todo o romantismo que envolvia as comemorações natalinas, com ceia em família, troca de presentes, um tempo para meditar no nascimento de Jesus (mesmo que fosse anualmente, ainda havia este tempo). O natal passou a ser um tempo de pressão estresse e extrema competitividade. De um lado o comércio querendo bater recordes e superar as marcas do ano anterior e do outro, nós, tentando comprar pelo menos o mesmo do ano anterior com recursos mais escassos. Para muitos, o natal tornou-se um tempo de desgaste. Após intensas peregrinações e verdadeiras batalhas para conseguir uma peça de roupa razoável em meio as que estão com etiquetas promocionais, no dia de Natal, ao invés de festejar muitos só estão pensando em descansar da maratona e nas imensas contas e compromissos gerados para o próximo ano.

Para mudar um pouco, tirar cinco minutos para pensar no porquê do natal pode valer a pena. Por que o natal? Mas vamos pensar no significado que esta data representa para os cristãos. Vamos pensar no natal como a comemoração do nascimento de Jesus. Não vamos pensar se foi em dezembro, setembro ou outro mês. Para evitar discussões vamos pensar na data que foi escolhida para este fim.

Inicialmente temos que admitir que todas as coisas estão no controle do nosso Deus. O criador de todas as coisas que não deixou que nas escapasse ao seu controle, onde tudo coopera para a realização do seu propósito.

Na Bíblia, no livro de Apocalipse, capítulo treze, no verso oito diz que o Cordeiro FOI morto desde a criação do mundo. Pensando nisto, entendemos que uma vez que a morte do cordeiro já estava determinada era muito lógico que o seu nascimento acontecesse antes de sua morte.

O profeta Isaías revelou a vontade de Deus sobre o nascimento de Jesus quando disse: “Porque um menino nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Is 9:6). A Palavra de Deus certamente se cumpriria. O natal, que remete-se ao nascimento, ao natalício de Jesus já era um fato antes da fundação do mundo, pois era parte do plano e vontade soberana de Deus.

O nascimento de Jesus daria a nós todos a grande oportunidade de conhecer o nosso criador através da maneira mais direta e verdadeira, pelo seu unigênito filho. Contudo, o processo de nascimento não seria fácil, mas foi resolvido. Em Filipenses capítulo dois, vemos o Deus se movimentando em direção ao homem de uma forma assombrosamente simples, nos dando a grande lição que precisamos aprender para alcançar os propósitos do Pai. Sendo Deus, não se prevaleceu desta condição para pular etapas do processo. Negou a sí mesmo, se esvaziou, assumiu a forma de homem e se humilhou até a sua morte, e como se não bastasse ter descido tanto, da posição de Deus para a posição de homem, teve a pior e mais humilhante morte do seu tempo e ainda desceu mais até chegar ao inferno onde a igreja estava aprisionada para enfim, resgatá-la.

Parece até uma supervalorização do tema. Natal é o nascimento de Jesus, apenas isto. Mas desconsiderar o plano principal do qual o natal é apenas um detalhe pode nos desviar do grande propósito de Deus, se revelar em Cristo.

O natal, representa para nós cristãos, o nascimento daquele que veio por fim a uma era onde o homem sempre estava no atraso convivendo com a consciência de culpa por não poder cumprir a Lei imposta pelo próprio Deus para nos ensinar que nunca poderíamos ser merecedores de Deus pelas nossa obras. É o amor revelado em sua graça divina que através da fé nos tornariam filhos assim como Jesus.

A Lei era clara em suas consequências para os devedores que não tinham condições de pagar a seus credores. Quem não pagava suas dívidas dava direito ao seu credor em levar seus parentes como escravos até que a dívida fosse paga completamente.

O homem, após ter pecado, deu ao diabo este direito e como não tinha condição de pagar o preço pela remissão plena dos seus pecados tornou-se escravo do diabo. Uma situação que para todos era dada como definitiva, pois a própria Lei garantia isto e como Deus não quebra suas leis, nada mais natural do que concluir que o homem seria um eterno devedor pelos seus pecados, que na melhor das hipóteses eram aliviados por um ano quando os sacerdotes ofereciam sacrifício de animais como expiação dos pecados do povo. Mas estes sacrifícios eram imperfeitos, pois não havia sangue puro o suficiente para torna-lo definitivo.

Mas na própria lei, ainda havia uma possibilidade de libertação do home de seu cativeiro. No ano do Jubileu, um parente poderia resgatar escravo ou devedor, oferecendo pagamento pela sua dívida (Lv 25:25) e assim resgatá-lo. O problema para nós era quem seria este parente? Quem seria este homem sem pecado, que tivesse um sangue puro para pagar pelos pecados de toda a humanidade uma vez que todos os homens já nasciam no pecado e assim só aumentavam a família de escravos. Precisaria de um parente, um homem, um membro da humanidade, um irmão perfeito que fosse humano mas sem ter nascido no pecado do próprio homem. Combinação difícil.

O nascimento de Jesus não foi um fato comum. A sua concepção como homem foi obra de Deus que tomou todos os cuidados para que o seu propósito fosse cumprido. Em Lucas capítulo primeiro, um anjo chamado Gabriel anunciou a Maria, uma jovem noiva de José, que em seu ventre seria gerado um filho e que este filho não seria gerado a partir da SEMENte de José, mas sim pelo Espírito Santo de Deus, e que ela daria luz a este menino, humano, que seria chamado Filho do Altíssimo, seria nome seria Jesus.

O fato de Jesus ter sido gerado em Maria pelo Espírito Santo o eximiu de qualquer contaminação com o pecado já empregnado na natureza do homem desde Adão. Ele foi gerado de uma semente sem pecado, se desenvolveu no ventre de uma mulher e nasceu como um ser humano. Um ser humano sem pecado. Pronto. Agora temos um parente, um homem, um irmão que pode fazer valer a Lei e nos resgatar legalmente da escravidão do pecado.

Jesus nasceu porque precisava morrer, pois só pela sua morte através do seu sangue derramado poderia pagar o preço pela nossa redenção.  Morreu porque precisava ressuscitar, e com ele nos levantar juntos (Cl 3), para que agora, como sua igreja, possamos estar sentados ao seu lado, triunfantes nas regiões celestes.

Feliz Natal.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Retas Paralelas (Predestinação e Livre Arbítrio)




Miguel Levy
 
Por mais que nos esforcemos para fugir de certos assuntos, eles sempre estão nos rodeando e de alguma forma sempre somos levados a discutir sobre algumas correntes teológicas. E para ser bem franco, nunca tive a pretensão de elucida-las. Até porque não quero afrontar a dedicação de tantos homens que investiram anos e vidas estudando, escrevendo e discutindo teses em concílios intermináveis e mesmo assim não conseguiram ser conclusivos.  O que posso fazer é expressar o que creio, mas farei o possível para não ser tendencioso em meus relatos para não influenciar os menos informados com minhas preferências. Creio que todos nós devemos ter nossas próprias convicções sobre tudo que envolve nossa vida, principalmente quando me refiro a nossa vida cristã.

O ponto em questão é: Livre arbítrio ou predestinação, quem está certo? Calvino ou Armínio?

Eu entendo que se fosse tão simples Lutero já teria respondido. Contudo, temos a oportunidade de poder ver esse imenso campo de ideias, de uma forma mais ampla,  protegidos pelo anonimato e libertos da necessidade de ter que estar certo podemos pensar de forma mais relaxada e tranquila.

Tanto Calvino quanto Armínio, dois homens de Deus, buscaram base  para as suas afirmações na Bíblia, na Palavra de Deus. Se bem que neste ponto temos que tomar cuidado pois todo bom herege sempre procura base para sua heresia na Bíblia. Só herege meia-boca e preguiçoso tem coragem de apresentar uma heresia sem base bíblica. Mas voltando aos nossos irmãos, não creio em heresia nos dois casos. Nenhum trabalhou com textos isolados e os complementou com ideias próprias gerando algum tipo de sincretismo. Duas linhas que sustentam-se paralelas , caminhando juntas para um mesmo destino.

Dispensando a Geometria Euclidiana, o preciosismo da matemática pura e considerando que o infinito é um lugar que localiza-se na eternidade, além do alcance de nossa visão natural. Podemos provar que duas retas se encontram no infinito. É dessa maneira que analiso as duas correntes defendidas por Calvino e Armínio. Duas verdades paralelas que em nossa realidade não podemos ver como podem se interceptar, mas creio que um dia, na eternidade poderemos constatar esta realidade. Creio que veremos um Calvino salvo pela graça por ter sido um eleito e escolhido para isto, que convicto da soberania da vontade de Deus se ocupava apenas em cumprir seu desígnio sem ver ameaça a sua salvação; e ainda um Armínio que escolheu e aceitou a mensagem de salvação pela graça de Deus e que por perseverar em sua fé até o fim alcançou o prêmio da salvação.

Para ajudar sua compreensão e sem ter a menor intenção de colocar um ponto nesta sempre edificante discussão, listarei alguns dos textos bíblicos usados por Calvinistas e Arminianos em seus eventuais encontros para tomar um café. Para os comentários sobre cada versículo, aconselho que  encontremos uma dessas abençoadas reuniões, onde cada lado nos oferecerá o que tem de melhor. Me reservo apenas a apresentar alguns textos.

 

Os Calvinistas citam:

 

ROMANOS 8.28-38: 28 Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. 29 Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 30 E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.

 

JOÃO 13.18: 18 Não falo a respeito de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi; é, antes, para que se cumpra a Escritura “Aquele que come do meu pão levantou contra mim seu calcanhar”.

 

ATOS 13.48: 48 Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.

 

EFÉSIOS 1.4,5: 4 assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor 5 nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade.

 

II TIMÓTEO 1.9: 9 que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos.

 

II TESSALONICENSES 2.13,14: 13 Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, 14 para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.

 

JOÃO 6.39: 39 E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia.

 

MARCOS 13.27: 27 E ele enviará os anjos e reunirá os seus escolhidos dos quatro ventos, da extremidade da terra até à extremidade do céu.

 

ROMANOS 11.5-9: 5 Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça. 6 E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça. 7 Que diremos, pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos, 8 como está escrito: Deus lhes deu espírito de entorpecimento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir; até ao dia de hoje. 9 E diz Davi: Torne-se-lhes a mesa em laço e armadilha, em tropeço e punição; 10 escureçam-se-lhes os olhos, para que não vejam, e fiquem para sempre encurvadas as suas costas.

 

COLOSSENSES 3.12: 12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.

 

I PEDRO 1.2: 2 eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas.

 

APOCALIPSE 17.14: 14 Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele.

 

MATEUS 22.14: 14 Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos.

 

MATEUS 24.24: 24 porque surgirão falsos Cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.

 

MATEUS 24.31: 31 E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.

 

MATEUS 25.34: 34 então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.

 

EFÉSIOS 2.1-10: 1 Ele vos deu vida, estando vós mortos em vossos delitos e pecados, 2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; 3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. 4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, 5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, pela graça sois salvos. 6 e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; 7 para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. 8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós; é dom de Deus; 9 não de obras, para que ninguém se glorie. 10 Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.

 

·         Baseado no entendimento que todos estão mortos espiritualmente, dessa forma  não tem capacidade de crer nem aceitar nada. Quando Deus vivifica aqueles que ele escolhe, pela regeneração, só então esses vivificados podem crer. O fato de Deus ter escolhido e vivificado muitos, através de uma fé dada por ele, mas não ter feito isto com todos caracteriza a eleição.

 

ROMANOS 9.11-24: 11 E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), 12 já for adito ela: ‘o mais velho será servo do mais moço’. 13 Como está escrito: ‘Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú.’ 14 Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! 15 Pois ele diz a Moisés: ‘Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.

16 Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia. 17 Porque a Escritura diz a Faraó: ‘Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra.’

18 Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz.

19 Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu a sua vontade? 20 Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? 21 Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra? 22 Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, 23 a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão, 24 os quais somos nós, a quem chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?.

 

MARCOS 4.10-12: 10 Quando Jesus ficou só, os que estavam junto dele com os doze o interrogaram a respeito das parábolas. 11 Ele lhes respondeu: A vós outros vos é dado conhecer o mistério do reino de Deus; mas, aos de fora, tudo se ensina por meio de parábolas, 12 para que, vendo, vejam e não percebam; e, ouvindo, ouçam e não entendam; para que não venham a converter-se, e haja perdão para eles.

 

·         Os calvinistas mostram com isso que muitos são predestinados a não entender, não crer e não se converter.

 

LUCAS 13.24: 24 Respondeu-lhes: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão.

 

Os Arminianos citam:

 

II PEDRO 3.9: 9 Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.

 

·         Segundo o calvinismo, Pedro está escrevendo para pessoas eleitas, pois ele usa a palavra “convosco”. Ele estava escrevendo para salvos. Por isso, os calvinistas não Aceitam esse versículo como base para o livre arbítrio.

 

I TIMÓTEO 2.4,6: 4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. 6 o qual a si mesmo se deu em resgate por todos; testemunho que se deve prestar em tempos oportunos.

 

I JOÃO 2.2: 2 e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.

 

JOÃO 3.16: 16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

 

MATEUS 23.37: 37 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo de suas asas, e vós não quisestes!

 

·         Os arminianos acreditam que o querer do homem prevalece em relação ao querer de Deus. Mesmo que Deus queira salvar, se o homem não quiser, ele não será salvo.

 

TITO 2.11,12: 11 Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, 12 educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente.

 

I PEDRO 1.10,11: 10 Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em algum tempo. 11 Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

 

MATEUS 16.24: 24 Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.

 

HEBREUS 2.9: 9 vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi corado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem.

 

II CORÍNTIOS 5.14: 14 Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.

 

JOÃO 6.40: 40 De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.

 

JOÃO 5.40: 40 Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida.

 

ATOS 7.51: 51 Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo, assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis.

 

OBSERVAÇÃO: Para os arminianos uma das maiores provas de que o homem tem livre arbítrio é que ele pode resistir ao Espírito Santo, ou seja, o Espírito quer convencê-lo do pecado, da justiça e do juízo, mas o homem não o quer. Na linha arminiana o querer do homem prevalece sobre o querer do Espírito.

 

MATEUS 24.13: 13 Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.

 

·         Para os arminianos, a perseverança é uma escolha do homem, isto faz parte do livre arbítrio.

 

JOSUÉ 24.15: 15 Porém, se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.

 

APOCALIPSE 22.17: 17 O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça da água da vida.

 

MATEUS 18.14: 14 Assim, pois, não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos.

 

LUCAS 21.19: 19 É na vossa perseverança que ganhareis a vossa alma.

 

I TIMÓTEO 4.16: 16 Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.

 

II TIMÓTEO 2.12: 12 Se perseveramos, com ele também reinaremos. Se o negarmos, também ele nos negará.

 

·         Os arminianos acreditam que podem perder sua salvação. O livre arbítrio pode leva-lo a não perseverar e por causa disto não podem assegurar sua salvação.

sábado, 17 de novembro de 2012

Relacionamento é o que Vale

 
 
Miguel Levy
 
E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote. E pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém. E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.
E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer.
E os homens, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém.
E Saulo levantou-se da terra, e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E, guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco.
E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu.”
Atos 9:1-9
 Sempre que paro meditar no texto que narra o início do processo da conversão de Saulo fico imaginando o que passou na cabeça dele a partir daquele dia. Saulo era um homem culto, bem instruído, conhecedor e praticante da lei. Um homem que acreditava que todo o seu empenho o qualificava a um lugar muito próximo de Deus. Defender a sua religião e sua crença a qualquer custo, mesmo que para isto fosse necessário até matar pessoas. Qualquer ameaça à tradição religiosa seria rapidamente combatida, como aconteceu aos primeiros movimentos do cristianismo.
A Bíblia diz que Saulo dedicou-se a perseguir os cristãos e foi o responsável pela morte de Estêvão (At. 7). Em Atos 9, vemos que Saulo saía em mais uma missão de defesa da Lei e, talvez aos seus olhos, de Deus também. E foi nesse clima, respirando ameaças de morte aos seguidores do Caminho que o inesperado aconteceu. Uma luz brilhou e Saulo caiu, provavelmente de um cavalo, mas o fato é que ele foi ao chão e ouviu uma voz que dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. A resposta de Saulo demonstra tudo o que queremos meditar com este texto. Ele respondeu: “Quem és tu, Senhor?”. Sou obrigado a perguntar como alguém que esta agindo em nome de Deus, convicto de que esta obedecendo a vontade de Deus não reconhece a voz de Deus? Os discípulos, amigos e chegados a Deus certamente identificam sua voz (Jo. 10:27). É uma prova evidente de que muitas vezes podemos estar muito equivocados em relação ao nível de relacionamento que achamos que temos com Deus. Quando Jesus respondeu: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues;”, eu creio que deve ter acontecido um choque dentro daquele homem que nunca imaginaria estar perseguindo, Jesus. Afinal de contas não foi para Jesus a autorização de perseguição e captura que Saulo obteve antes de sua saída.
O fato importante aqui é que para qualquer um de nós é muito, muito fácil de iludir com o que dogmas religiosos e tradições de leis caducas podem nos apresentar como Deus. Por algum motivo somos mais tendenciosos em acreditar que Deus está muito interessado em nossas milaborantes aventuras em seu nome e que é o resultado do nosso desempenho que irá nos deixar bem próximos de Deus. Ora, nem quando a Lei vigorava isso foi possível, imaginem agora, quando a graça salvadora se revelou ao homem mostrando que nenhum de nós teria um desempenho capaz de promover salvação para sua vida.
No texto que estamos meditando vemos que embora estejamos muito envolvidos no que acreditamos ser a obra de Deus, podemos não ter nem ideia de quem seja Deus, uma vez que não conseguimos nem identificar sua voz quando fala clara e diretamente conosco. É possível viver enganado buscando apresentar obras a Deus, enquanto ele apenas busca relacionamento com cada um de nós.
O que precisamos é ouvir Deus e identificar a sua voz mostrando o relacionamento íntimo e estreito que temos com ele. O que precisamos é para um pouco de pensar em sermos abençoados pois as bênçãos que precisamos Deus já nos deu antes mesmo que pedíssemos. Afinal de contas, ser abençoado não significa conhecemos Deus como ele quer que o conheçamos. O lendário Jó, era tão abençoado que ele não tinha tempo para mais nada além de ser a personificação da bênção de Deus na terra. Até que um dia, por vários motivos, ele teve tempo de conversar com Deus. Deus o chamou para um bate-papo, para trocar ideias. No final ele afirmou que realmente não conhecia Deus. Mas foi a partir do conhecimento de Deus que as bênçãos de Deus passaram a fazer sentido em sua vida.
Uma vida religiosa e cheia de afazeres eclesiásticos pode ser a grande ilusão da nossa vida quando não conhecemos, não temos intimidade ou um relacionamento chegado com o Deus que servimos.
Para nós, mostrar muito serviço pode nos deixar bem conosco e com as pessoas que nos observam para construir um perfil que poderá nos deixar com muito prestígio, assim como acontecia com Saulo. Mas para Deus, na verdade, relacionamento é o que vale.